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- Teresa não desfitou os olhos do pai; mas tão abstraída estava, que escassamente lhe ouviu as primeiras palavras, e nada das últimas.
- — Não me respondes Teresa?! — tornou Tadeu, tomando-lhe cariciosamente as mãos.
- — Que hei de eu responder-lhe, meu pai? — balbuciou ela.
- — Dás-me o que te peço? enches de contentamento os poucos dias que me restam?
- — E será o pai feliz com o meu sacrifício?
- — Não digas sacrifício, Teresa... Amanhã a estas horas verás que transfiguração se fez na tua alma. Teu primo é um composto de todas as virtudes; nem a qualidade de ser um gentil moço lhe falta, como se a riqueza, a ciência e as virtudes não bastassem a formar um marido excelente.
- — E ele quer-me, depois de eu me ter negado? — disse ela com amargura irónica.
- — Se ele está apaixonado, filha!... e tem bastante confiança em si para crer que tu hás de amá-lo muito!...
- — E não será mais certo odiá-lo eu sempre!? Eu agora mesmo o abomino como nunca pensei que se pudesse abominar! Meu pai... — continuou ela, chorando, com as mãos erguidas — mate-me; mas não me force a casar com meu primo! É escusada a violência, porque eu não caso!...
- Tadeu mudou de aspeto, e disse irado:
- — Hás de casar! Quero que cases! Quero!...
- Camilo Castelo Branco. Amor de Perdição (Memórias Duma Família). Edição genética e crítica de Ivo Castro, Lisboa, IN-CM, 2007
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