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jake_olp

Here Comes The Sun - 13/05

May 13th, 2020
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  1. A grama lhe massageava as palmas assim como a brisa lhe banhava o rosto, o semideus sentado sozinho no campo aberto perto da estufa parecia sereno, mas era somente a apatia exposta em sua face. Logo em frente a muda de mugunghwa tremulava ao lado das ferramentas de jardinagem.
  2.  
  3. Não conseguiu participar do funeral da mãe, então havia feito sua própria versão, uma menos... fúnebre. Nayeon sempre teve vários vasos coloridos com aquela flor espalhadas em casa, era impossível não lembrar da mãe ai dar de cara com aquela flor. Mugunghwa, era assim que ela chamava, era uma das únicas palavras em coreano que ele conhecia e fazia todo o sentido agora pois mugunghwa significava Eterna Flor. Jake continuava meio cético, ainda que fosse filho de um ser sobrenatural, mas teve a certeza que as moiras tomavam conta até dos menores detalhes durante a vida das pessoas. Assim como o nome da flor, sua mãe seria eterna em seu peito.
  4.  
  5. Mas a dor não era mais fácil de aceitar, mesmo com a flor e seu funeral improvisado, ainda tinha revolta em si e não era tanto por ter ficado no instituto, mas por Nayeon ter morrido por uma doença que vinha corroendo seu corpo por tanto tempo. Seu pai era o próprio deus da medicina, o garoto tinha certeza que se ele quisesse de fato ajudar, teria o feito, então Jake estava certo de que seu genitor havia apenas usado sua mãe e a deixado como se nada fosse. Era uma dor esquisita aquela, nunca havia experimentado, além do arrependimento de não ter ido com o irmão mais velho a ver.
  6.  
  7. Era difícil ter que admitir aquilo, mas havia a deixado sozinha justamente quando prometeu que não o faria nunca, por mais que ela tivesse insistido muito na ida do mais novo, a culpa lhe assombrava de maneira grandiosa demais.
  8.  
  9. Jake tinha os joelhos encolhidos contra o peito e a testa apoiada sobre os mesmos, os olhos fechados tentavam encontrar alguma forma de amenizar aquela dor excruciante, sem muito resultado já que não iria doer menos. Só queria que tudo fosse mentira, que pudesse ter tido um tempo a mais com ela e se despedido direito.
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  11. E, enquanto mergulhava em seu pesar, sentiu aquele toque em seu ombro, alguém o apertando e o fazendo sair de seu quase transe.
  12.  
  13. “Eu preciso ficar sozinho, Sa…” ele realmente achou que fosse seu amigo, mas assim que ergueu a cabeça para repreendê-lo, o choque o fez calar-se, no entanto. Não era Sawa. Definitivamente, já que o amigo não era loiro e muito menos caucasiano.
  14.  
  15. Os cabelos dourados brilhavam na luz do sol, e não somente o brilho de um cabelo hidratado. Literalmente brilhavam como fios de ouro. E seu rosto, provavelmente era um dos rostos mais bonitos que já havia visto na vida. Já tinha ouvido falar que Apolo era o deus mais bonito do Olimpo, mas ver pessoalmente era realmente impressionante.
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  17. “E eu sei disso, não vou demorar, prometo.” o homem sentou-se ao seu lado, os olhos se voltando para a flor recém plantada logo a frente. “É muito melhor do que uma lápide, não acha?”
  18. Jake fez que sim com a cabeça, mas não disse qualquer palavra, estava completamente atordoado.
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  20. “Sinto muito pelo que aconteceu, criança. Nunca é fácil lidar com a perda.” os olhos castanho-avermelhados do deus se voltaram para o rosto do semideus e sua íris brilhava como uma brasa. Apolo era impressionante, seria difícil descrever para qualquer um que perguntasse.
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  22. “Se veio tentar ser gentil perdeu seu tempo. Eu não quero a sua pena.” Jake virou o rosto na direção da flor outra vez.
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  24. “Não vim tentar ser gentil e nem estou com pena. Prestar condolências é bem diferente de ter pena, Jake.” um vinco se formou entre as sobrancelhas do deus. “Não precisa falar nada, se não quiser, mas eu preciso que me escute.” não foi rude de fato, mas a autoridade prostrada na voz fez com que o semideus de fato ficasse quieto. “Eu sei o que estava pensando, sua aura de revolta é bem forte, garoto, eu quase me senti culpado. Mas, diferente do que está pensando, eu não deixei sua mãe sem amparo.”
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  26. Os olhos de Jake foram imediatamente ao rosto do mais velho, sua testa franzida denunciando sua confusão e quase descrença ao que o olimpiano falava.
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  28. “Todas as vezes que ela foi ao hospital e voltou eu estive lá. Hermes realmente quis me dar uma surra por fazê-lo perder viagem tantas vezes. Nayeon já deveria ter morrido há tempos, Jake, mas eu cuidei para que não ocorresse. Sua mãe não merecia partir sem o perdão do seu irmão. Não ache que estava sendo fácil pra ela, a morte por vezes não é ruim, criança, em casos como os de sua mãe significa paz e descanso. Seu irmão ter ido sem você fora proposital, e você ficar preso no instituto também. Eu sei que pode soar como crueldade, qualquer um merece se despedir da pessoa amada quando ela morre, mas sua mãe não queria que você a visse num caixão. Ela me pediu isso e eu não consigo negar nada a ela.”
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  30. A voz do deus soava de forma estranha, ou apenas Jake não sabia bem o que queria pensar a respeito do que ele falava, mas não ousou interromper em nenhum momento, principalmente ao notar que de fato o deus falava de sua mãe com certa ternura. Não como um homem apaixonado, mas como quem tinha carinho por alguém.
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  32. “Seu irmão libertou sua mãe, Jake. Agradeça quando ele voltar, ela morreu feliz nos braços dele, saiba disso. Não encare tudo com revolta, eu sei que faz parte do luto a parte da raiva, porém nada é tão simples quanto parece. É um ciclo, alguns ciclos mais complicados do que outros, mas ainda é um ciclo. Você precisa entender isso para acalmar o seu coração. Me prometa que vai tentar.” o deus deu tapinhas no ombro do garoto antes de se levantar, assim como fez sinal para que ele também o fizesse. “E, antes de ir, preciso que veja alguém. Eu disse que não há nada que ela me peça que eu não faça, não disse?”
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  34. O sorriso de dentes perfeitos do deus se abriu, quase que ladino brincando no canto de seus lábios, desviando seus olhos para frente, o que fez com que Jake também olhasse na mesma direção. E, logo a frente, brincando com as flores, Nayeon sorria para o mais novo.
  35. O garoto não conseguiu segurar as lágrimas, nem precisava tentar, o choro era inevitável.
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  37. “Mãe…” caminhou ainda incrédulo na direção dela, as lágrimas quase lhe impediam de vê-la, e ela estava brilhante, não como um fantasma, ela só brilhava. Talvez a visão mais bonita que já tivera dela.
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  39. “Meu pequeno. Você pintou o cabelo?” ela riu antes de segurar o rosto do semideus nas mãos. Ela definitivamente não era um fantasma, provavelmente Apolo havia feito algo para a deixar palpável e o garoto não iria reclamar de forma alguma. “E continua tão lindo como sempre.”
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  41. “Foi uma brincadeira com os meninos. Inclusive é obra do Aspen. Eu ia te mandar uma foto, mas você não tava bem…” franziu a testa ao suspirar pesadamente. Jake a tomou nos braços por fim, a abraçando o mais apertado que conseguia, sabendo que não o teria mais a partir daquele momento. Era difícil assimilar, era doloroso demais pensar.
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  43. “Mas agora eu finalmente estou bem, Jake. Não fique triste, e me perdoe por ter ido sem te ver antes. Eu te amo mais do que a mim mesma, não esqueça disso. Você é o meu príncipe, meu amor. Não sabe o quão orgulhosa eu estou de você e do seu irmão.” as mãos dela afagavam as costas dele e ela quase sumia dentro do abraço do semideus. Os olhos de Nayeon foram ao rosto do deus e este não precisou dizer muita coisa, havia chegado a hora. “Mamãe tem que ir, Jake. Me promete que vai ficar bem?”
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  45. Era quase impossível falar naquele momento, Jake apenas acenou positivamente com a cabeça, o choro prendendo sua garganta praticamente o impossibilitava de falar.
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  47. “Eu te amo, pequeno.”
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  49. “Eu te amo mais, mãe.”
  50.  
  51. Num segundo uma brisa mais forte soprou seu rosto, e assim ele se viu sozinho como quando chegou, mas definitivamente muito melhor.
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